de Edmund De Waal
Edmund De Waal nasceu na Inglaterra, além de escritor é um
ceramista famoso mundialmente, trabalhou como curador, conferencista, crítico e
historiador de arte, é professor de cerâmica da Universidade de Westminster, coleciona
vários prêmios e homenagens por seu trabalho. Estudou cerâmica e tornou-se
pesquisador do artesanato popular japonês. Seu trabalho, como ceramista,
manteve-se praticamente dentro da tradição anglo-oriental.
No livro, o autor resgata a
história de sua família, ao longo de cinco gerações, tendo como fio condutor uma coleção de 264
miniaturas japonesas (netsuquês) herdadas do seu tio-avó Ignácio (Iggy).
Ao lado da história de sua família, o autor menciona alguns
dos principais momentos da história dos séculos XIX e XX, tais como a Terceira
República Francesa, o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do
império Habsburgo, a eclosão da 1ª. Guerra Mundial, a derrocada do Império Austro-Húngaro
e a segunda Guerra Mundial.
Tudo começa no poder ascendente, em Odessa, da família
Ephrussi (antes Efrussi), passa pela capital francesa do final do século
XIX, Viena na época do império Austro-Húngaro
e depois sob o jugo do Nazismo.
Narra a separação da família, na fuga da perseguição nazista,
como de resto ocorreu com muitas famílias judias, que vão preferencialmente
para Suiça, Inglaterra e Estados Unidos. Finalmente, fala do reencontro de
alguns membros da família Ephrussi, depois da guerra, alguns na Espanha, outros
no Japão e na Inglaterra, com diferentes nacionalidades.
Na primeira parte do livro, o personagem principal é Charles,
filho do patriarca Joachim Ephrussi, que mantém um império financista em
Odessa, na Rússia Imperial, e pretende
se expandir para o restante da Europa, instalando seus herdeiros nas cidades de
Paris e Viena.
Sendo o terceiro filho, Charles Ephrussi pode usufruir da
vida mundana em Paris, enquanto os irmãos mais velhos se dedicam aos negócios.
Historiador de artes, crítico e colecionador, vive intensamente a era
Impressionista e, a partir de 1870, começa a montar sua coleção de miniaturas
japonesas. Em 1899, a coleção é enviada para Viena, como presente de casamento
ao seu primo Viktor (pai de Ignacio, bisavô de Edmund).
A partir desse momento o livro tem como cenário o Palácio
Ephrussi, em Viena, onde agora estão os netsuquês. Nessa cidade, como em Paris,
existe um forte sentimento anti-semita, que se manifesta de forma velada.
Com a queda do Império Austro-Húngaro, fica claro o
antisemitismo e começa a perseguição aos judeus, que se intensifica com a
ocupação nazista, de 1938 a 1945. A família Ephrussi se separa parte vai para
Inglaterra, outra parte para os Estados Unidos, perdem todos seus bens, inclusive os netsuquês,
que ficam no palácio de Viena.
No entanto, essas pequenas peças são resgatadas pela governanta
Anna, que não é judia e, sob o pretexto de auxiliar no acondicionamento
dos móveis e obras de arte, consegue dia após dia, sair com todos eles escondidos
na sua roupa.
Finda a Segunda Guerra, Anna devolve os netsuquês para Elizabeth
(filha de Viktor e avó de Edmund) que entrega ao seu irmão Ignacio. Daí a
coleção é levada para o Japão, onde passa a ser exposta novamente e tem seu
valor reconhecido. Ignacio, além de contar a história da família para Edmund,
deixa pra ele as miniaturas que são levadas para a Inglaterra, onde devem estar atualmente.
Enfim, o livro narra a história de uma família que teve poder
e riqueza, mas que nunca conseguiu uma total aceitação da sociedade, como todos
os demais judeus. Eram sempre vistos
como arrivistas, sem pátria e, portanto, apontados como os principais responsáveis em épocas de crises econômicas. Em
virtude das dificuldades financeiras após derrota da Áustria, na 1ª. Guerra, os
judeus passaram a ser mais odiados.
Segundo o autor, os judeus aprendiam várias línguas (russo,
francês, latim, grego, alemão e inglês), para que pudessem se sentir em casa em qualquer lugar do mundo, só
não podem ser pegos falando iídiche.
Eles tentavam esconder sua religião, sua língua e ao mesmo
tempo procuravam se integrar na alta sociedade por meio do auxílio às artes, da
associação à grupos influentes, enfim com uma participação na vida do país em
que estavam vivendo. No Palácio em Viena, havia uma única cena bíblica, uma
pintura do Livro de Ester, numa área frequentada somente pelos judeus.
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