de Patrick Modiano
Patrick Modiano nasceu em 30 de julho de 1945, filho
de um judeu de Alexandria e uma belga. Os pais se conheceram durante
a ocupação alemã na França e ele foi criado pelos avós e educado
em um colégio interno.
Por "Rue des boutiques obscures" ele recebe o
Prêmio Goncourt. Em 2014, é agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, pelo conjunto de seu trabalho.
O autor sempre foi reconhecido pela crítica, e possui uma produção literária sólida,
lançando aproximadamente um livro por ano. No entanto, nunca foi um autor de
grandes tiragens, nem na Franca nem no mundo.
O título original da obra é “A rua das
lojinhas obscuras”, a versão brasileira ( Editora Rocco) apresenta o livro como “Uma rua de Roma”, uma vez que La vie delle Bottegne Oscure efetivamente existe e na década de 1930 integrava um gueto judaico romano.
O personagem
principal da trama é um detive, Guy. Narrador e personagem são apenas um. A saga é a busca por seu
passado. Essa busca se materializa no livro por meio de uma série
de interrogatórios insólitos por meio dos quais o personagem vai tentando
reconstruir seu passado e desvendar seu presente: quem de fato ele é?
Uma análise, superficial e baseada apenas nos elementos acima apontados poderia nos induzir a classificar a obra como um romance policial, mas
o que ocorre de fato, é que nosso protagonista é um
detive “tímido” e a cada vez que se aproxima de uma pista mais sólida,
quando seria possível conseguir mais, ele se perde ou não obtém o máximo
das informações possíveis.
Nosso detective, se parece muito mais com
um paciente no divã, passeando pelos
meandros de sua mente. As rua de paris e seus personagens são fragmentos de
memória, as ligações entre os personagens são tortuosas. Muitas vezes é possível perceber quão suscetível Guy é a falsas pistas. Nesse momentos ele não constrói um quebra, mas apenas atribui ou constrói uma história sobre as frágeis informações que os personagens lhe transmitem.
As ligações entre uma pista e outra são insólitas e
muitas vezes o leitor se perde no emaranhado da mente de Guy. A transição entre
uma pista e outra, entre um personagem e outro são pouco explicadas, ou pouco
lógicas, reforçando a ideia de que passam em um plano mental. O aparente anseio de Guy por uma
identidade é tao grande que em alguns momentos ele associa memórias construídas por meio dos relatos a experiências sinestésicas como “a cor verde” e o “cheiro apimentado”. Esses elementos a
cor e o cheiro são fluídos e poderiam se encaixar em muitos contextos, aparentemente, são os únicas memórias genuinamente vividas pelo personagem. Essa
recuperação da memória através dos sentidos é involuntária ( Proust). Guy, segue
as ruas de paris, como em um labirinto, e termina numa idílica ilha no Oceano Pacífico, chega ao fim sem de fato se encontrar.
Para alguns o livro pode ser caracterizado como seco, esquálido, sem grandes atributos , uma
vez que o autor conduz a trama sem nos permitir aprofundar em nenhum
personagem. Os personagens são todos unidimensionais, sem profundidade, são como fotografias. Não
sabemos sobre seus sentimentos ou pensamentos, são apenas imagens
desbotadas. No entanto, é justamente nessa aparente deficiência que se pode encontrar a virtude da obra. Por ser tão contido na abordagem dos personagens, o livro nos faz projetar sentimentos e
percepções. Essas interpretações nos colocam em posição semelhante a
de Guy. Estamos construindo uma versão dos fatos sobre bases frágeis e
personagens esmaecidos.
É possível ainda nos questionarmos sobre a questão da
memória no mundo atual. A história de Modiano encontra terreno propício em uma
Europa fragmentada e bélica, mas e se a
transportássemos para os tempos atuais, seria possível nos perdermos de nós
mesmos? Nos tempos atuais, é possível esquecer? E mais, uma sociedade
como a nossa, cada vez mais baseada nas imagens, não estaria aos pouco reduzindo nossa "profundidade", nos transformando aos poucos em personagens unidimensionais?
Recomendo o livro, trata-se de uma obra curta e que
pode ser um convite para conhecer outras obras do autor. É de se ler numa tacada só.
UMA RUA DE ROMA
ResponderExcluirPATRICK MODIANO
Uma Rua de Roma é um romance esquálido, banal, sem criatividade . Embora não tenha muitas páginas, a leitura é longa, porque a narrativa é arrastada.
Poderia ser um livro de suspense, de mistério, mas não desperta a curiosidade do leitor para tanto.
Os personagens são delineados palidamente.
O ritmo é lento.
A narrativa é desestruturada (creio que a intenção do autor com esse artificio seria a de nos levar a acreditar na amnésia do narrador, mas….)
O escritor não tem um estilo, a impressão que dá é que ele tem dificuldade para se expressar.
Ambientação: o narrador, detective Gui Roland, pula de um lugar para outro, visitando pessoas diferentes e examinando muitas fotos para tentar descobrir seu passado, mas os ambientes são descritos de maneira pouco interessante.
O objetivo do livro, para mim não ficou claro.
Não recomendo. O autor, neste livro, não dá uma pista de porque mereceu o Premio Nobel de 2014.
Concordo com Ana Luiza: Uma Rua de Roma pode ser um convite para ler outra obra do autor, mas, confesso, não fiquei muito animada....