de Raymond Chandler
por Ana Studart
O escritor: Raymond Chandler nasceu em 1888, em Chicago, e faleceu poucos anos depois do lançamento de O Longo Adeus. Com 12 anos mudou para a Inglaterra, aos 24 retornou aos Estados Unidos e passou a viver na Califórnia, onde se desenrola o romance. "O Longo Adeus", sexto livro de Chandler, é visto como sua obra-prima, escrito quando tinha 67 anos. Depois dele só publicou mais um, "Playback". No período em que redigiu o texto, Chandler perdeu a esposa em circunstâncias penosas e se entregou à bebida, como acontece com alguns de seus personagens. O prefácio do livro, inclusive, relata que ele o escreveu bêbado do começo ao fim. Esse apego ao drink, mais o tempo que passou na Inglaterra, e ainda sua passagem pelo Exército Canadense na 1a Guerra Mundial, lhe deram bagagem para desenvolver Terry Lennox, um dos personagens centrais do romance, e por isso essa obra é considerada a que melhor retrata experiências de vida do autor.
Marlowe foi para as telas de cinema, com “À Beira do Abismo (The Big Sleep, 1946), com Humphrey Bogart como Marlowe, “Murder, My Sweet”, 1944, com Dick Powell como Marlowe, “O Perigoso Adeus”( The Long Goodbye-O Longo Adeus, 1973), de Robert Altman com Elliot Gould como Marlowe, “A Dama do Lago”(The Lady in the Lake, 1947), com Robert Montogomery como Marlowe.
Tema do livro: Policial de suspense suave. O enredo começa com o dia-a-dia banal de um detetive particular que socorre um estranho na rua. Na maior parte do livro, Marlowe parece esperando que algo aconteça. Os assassinatos ocorrem à sua volta e, embora os desvende por vias tortuosas, não aceita receber pagamento por esses trabalhos. Trabalha pela amizade e desejo de que a justiça seja feita. Trata-se de um detetive singular, que segue uma linha de conduta própria e rigorosa. Generoso, fiel aos amigos, impulsivo e corajoso. Às vezes provocador, não se importa em levar porrada para fazer o que considera o certo. Parece até gostar de uma boa briga, mesmo sabendo estar em desvantagem.
Mensagens subjacentes: De um modo geral, romances policiais produzem suspense e têm como mensagem mostrar que o crime não compensa. Mas esse é um "policial romanceado" e nele se depreende algumas percepções do escritor:
-Apologia à amizade e à lealdade, em termos quixotescos.
-Crítica à brutalidade do meio policial.
-Crítica às leis." A lei não é a justiça. É um mecanismo muito imperfeito. Se você apertar os botões certos e tiver um pouco de sorte, talvez a justiça apareça" ( cap. 8). E mais adiante, no cap. 43: “Claro que existe uma coisa chamada lei. Estamos afundados nela até o pescoço. Ela só serve para dar emprego aos advogados".
-Crítica à futilidade e à riqueza, que trazem consigo a prepotência: " há sempre alguma coisa para fazer quando você não precisa trabalhar e não precisa se preocupar com o custo. Na verdade não tem muita graça, mas os ricos não sabem disso. Eles nunca têm desejos muito fortes, a não ser pela esposa de alguém, e mesmo assim é um desejo muito pálido comparado ao que a mulher de um encanador sente por uma cortina nova para a sala".
PDV: A narração é na primeira pessoa, feita pelo detetive Philip Marlowe.
Estilo do escritor: Em 1945 Chandler disse numa carta que não importava o enredo, que o romance de sucesso em qualquer época é aquele que faz mágica com as palavras. Em 1947 Chandler escreveu que não se interessava muito pela trama de um romance, e que a coisa mais importante na escrita era o estilo. “O Longo Adeus mostra isso. A estrutura do texto é leve, com pinceladas de humor e ironia. As frases são simples. A tradução é primorosa e atual, embora o romance seja de 1953. No texto o autor faz uma boa quantidade de comparações que nos fazem sorrir.
Estrutura do livro: É dividido em 53 capítulos sequenciais, não muito longos.
Chandler faz parte daquele grupo de escritores que não esquematiza previamente um roteiro: ele dizia preferir deixar os personagens tomarem vida e seguirem seus caminhos. Por isso reescrevia muito, para dar coerência à história.
Ao final do livro está publicada extensa carta de Chandler a um leitor inglês, D. J. Ibberson, que lhe escrevera pedindo mais informações sobre Marlowe, e nela o escritor faz um resumo do personagem. Chandler confessa não saber a data de nascimento do detetive, nem seus hábitos de leitura ou gosto musical, e se diverte nos comentários, como se falasse de um amigo, e não de sua criação. O que corrobora a noção de que ele criava os personagens mas deixava que eles tomassem vida própria...
As pitadas de suspense policial vem em doses homeopáticas, como quando, logo no cap. 2, diz a Terry: " Quero que você saia do meu pé, porque tenho um pressentimento sobre você."
Ou quando dá a dica de que haveriam mais de um crime: "se perguntasse e ele tivesse me dito, é possível que isso tivesse salvo uma ou duas vidas. ' (cap. 3)
E "Olhe bem para a cara dele, Chick, disse Menendez. Fique certo de poder reconhecer ele, se for o caso. Vocês dois talvez tenham que resolver algo daqui a pouco tempo"(cap.11)
A trama é intrincada, com mortes que só se entrelaçam e se explicitam nos capítulos finais. Aliás, ele faz uma breve recapitulação da trama no capítulo 40, para que o leitor possa juntar todas as pontas. E no capítulo 43, quando parece que tudo está explicado, a gente olha as páginas restantes se pergunta porque ainda sobram dez capítulos pela frente... É que Chandler gostava de reviravoltas. Com ele não dá para adivinhar o final.
O “caso Lennox “, inclusive, se encerra mais de uma vez...( cap. 9)
Estilo e narração: Embora se trate de um romance policial, o ritmo é suave, às vezes até lento demais.
Diferentemente de Agata Christie e Conan Doyle, escritores de séries policiais, onde a busca pelo assassino acontece em ritmo acelerado e por detetives excêntricos - miss Marple é uma inglesa idosa de mente lógica e afiada, Mr Poirot é um belga fã da ordem e do método e Sherlock Holmes é um ingIês astuto, mestre da lógica dedutiva- Philip Marlowe é um americano comum que, sem pressa, observa os fatos, e tem por estratégia lançar iscas ( que ele chama de " rodinhas de engrenagem", (cap 51) aos personagens envolvidos, para depois aguardar o resultado.
Num de seus arroubos poéticos, Marlowe confere sentimento à lua- " havia uma lua alta, nublada, indiferente" ( cap. 43).
E ao muro: " estava tão calmo quanto um muro de adobe à luz do luar" ( cap. 47)
E ao trampolim: " O trampolim sobre a piscina vazia parecia curvado e cansado" (cap.16)
Tema do livro: Policial de suspense suave. O enredo começa com o dia-a-dia banal de um detetive particular que socorre um estranho na rua. Na maior parte do livro, Marlowe parece esperando que algo aconteça. Os assassinatos ocorrem à sua volta e, embora os desvende por vias tortuosas, não aceita receber pagamento por esses trabalhos. Trabalha pela amizade e desejo de que a justiça seja feita. Trata-se de um detetive singular, que segue uma linha de conduta própria e rigorosa. Generoso, fiel aos amigos, impulsivo e corajoso. Às vezes provocador, não se importa em levar porrada para fazer o que considera o certo. Parece até gostar de uma boa briga, mesmo sabendo estar em desvantagem.
Mensagens subjacentes: De um modo geral, romances policiais produzem suspense e têm como mensagem mostrar que o crime não compensa. Mas esse é um "policial romanceado" e nele se depreende algumas percepções do escritor:
-Apologia à amizade e à lealdade, em termos quixotescos.
-Crítica à brutalidade do meio policial.
-Crítica às leis." A lei não é a justiça. É um mecanismo muito imperfeito. Se você apertar os botões certos e tiver um pouco de sorte, talvez a justiça apareça" ( cap. 8). E mais adiante, no cap. 43: “Claro que existe uma coisa chamada lei. Estamos afundados nela até o pescoço. Ela só serve para dar emprego aos advogados".
-Crítica à futilidade e à riqueza, que trazem consigo a prepotência: " há sempre alguma coisa para fazer quando você não precisa trabalhar e não precisa se preocupar com o custo. Na verdade não tem muita graça, mas os ricos não sabem disso. Eles nunca têm desejos muito fortes, a não ser pela esposa de alguém, e mesmo assim é um desejo muito pálido comparado ao que a mulher de um encanador sente por uma cortina nova para a sala".
PDV: A narração é na primeira pessoa, feita pelo detetive Philip Marlowe.
Estilo do escritor: Em 1945 Chandler disse numa carta que não importava o enredo, que o romance de sucesso em qualquer época é aquele que faz mágica com as palavras. Em 1947 Chandler escreveu que não se interessava muito pela trama de um romance, e que a coisa mais importante na escrita era o estilo. “O Longo Adeus mostra isso. A estrutura do texto é leve, com pinceladas de humor e ironia. As frases são simples. A tradução é primorosa e atual, embora o romance seja de 1953. No texto o autor faz uma boa quantidade de comparações que nos fazem sorrir.
Estrutura do livro: É dividido em 53 capítulos sequenciais, não muito longos.
Chandler faz parte daquele grupo de escritores que não esquematiza previamente um roteiro: ele dizia preferir deixar os personagens tomarem vida e seguirem seus caminhos. Por isso reescrevia muito, para dar coerência à história.
Ao final do livro está publicada extensa carta de Chandler a um leitor inglês, D. J. Ibberson, que lhe escrevera pedindo mais informações sobre Marlowe, e nela o escritor faz um resumo do personagem. Chandler confessa não saber a data de nascimento do detetive, nem seus hábitos de leitura ou gosto musical, e se diverte nos comentários, como se falasse de um amigo, e não de sua criação. O que corrobora a noção de que ele criava os personagens mas deixava que eles tomassem vida própria...
As pitadas de suspense policial vem em doses homeopáticas, como quando, logo no cap. 2, diz a Terry: " Quero que você saia do meu pé, porque tenho um pressentimento sobre você."
Ou quando dá a dica de que haveriam mais de um crime: "se perguntasse e ele tivesse me dito, é possível que isso tivesse salvo uma ou duas vidas. ' (cap. 3)
E "Olhe bem para a cara dele, Chick, disse Menendez. Fique certo de poder reconhecer ele, se for o caso. Vocês dois talvez tenham que resolver algo daqui a pouco tempo"(cap.11)
A trama é intrincada, com mortes que só se entrelaçam e se explicitam nos capítulos finais. Aliás, ele faz uma breve recapitulação da trama no capítulo 40, para que o leitor possa juntar todas as pontas. E no capítulo 43, quando parece que tudo está explicado, a gente olha as páginas restantes se pergunta porque ainda sobram dez capítulos pela frente... É que Chandler gostava de reviravoltas. Com ele não dá para adivinhar o final.
O “caso Lennox “, inclusive, se encerra mais de uma vez...( cap. 9)
Estilo e narração: Embora se trate de um romance policial, o ritmo é suave, às vezes até lento demais.
Diferentemente de Agata Christie e Conan Doyle, escritores de séries policiais, onde a busca pelo assassino acontece em ritmo acelerado e por detetives excêntricos - miss Marple é uma inglesa idosa de mente lógica e afiada, Mr Poirot é um belga fã da ordem e do método e Sherlock Holmes é um ingIês astuto, mestre da lógica dedutiva- Philip Marlowe é um americano comum que, sem pressa, observa os fatos, e tem por estratégia lançar iscas ( que ele chama de " rodinhas de engrenagem", (cap 51) aos personagens envolvidos, para depois aguardar o resultado.
Num de seus arroubos poéticos, Marlowe confere sentimento à lua- " havia uma lua alta, nublada, indiferente" ( cap. 43).
E ao muro: " estava tão calmo quanto um muro de adobe à luz do luar" ( cap. 47)
E ao trampolim: " O trampolim sobre a piscina vazia parecia curvado e cansado" (cap.16)
É um mestre em analogias. Impossível não comentar o uso de comparações para suas descriçöes, abundantes e muitas vezes cômicas:
- "Parecia muito animado,tão animado quanto um papa-defuntos num enterro pobre" (cap. 45)
- "Você fica como um homem aprendendo a andar depois da pólio. Você não faz nada sem reparar, nada mesmo" (cap. 5)
-"Era um desses sujeitos que falam cheios de vírgulas, como num romance muito grosso."(cap. 11)
- " O lugar parecia tão morto quanto a tumba de um faraó" (cap. 16)
- " Dirigi de volta para Holywood me sentindo como um pedaço de barbante mastigado" (cap. 19)
- " Posso estar na pista falsa, como um cão resfriado".(cap.19).
- " Eu me sentia como um jantar mal digerido, de um pé-sujo qualquer. Meus olhos estavam grudados e minha boca cheia de areia" (cap. 43)
- "O sanduíche estava tão saboroso quanto um pedaço de camisa velha. Os americanos comem qualquer coisa, desde que venha tostada, fixada com dois palitos e tenha alface, saindo pelas bordas, e murchas, de preferência". (cap.45)
- "Parecia muito animado,tão animado quanto um papa-defuntos num enterro pobre" (cap. 45)
- "Você fica como um homem aprendendo a andar depois da pólio. Você não faz nada sem reparar, nada mesmo" (cap. 5)
-"Era um desses sujeitos que falam cheios de vírgulas, como num romance muito grosso."(cap. 11)
- " O lugar parecia tão morto quanto a tumba de um faraó" (cap. 16)
- " Dirigi de volta para Holywood me sentindo como um pedaço de barbante mastigado" (cap. 19)
- " Posso estar na pista falsa, como um cão resfriado".(cap.19).
- " Eu me sentia como um jantar mal digerido, de um pé-sujo qualquer. Meus olhos estavam grudados e minha boca cheia de areia" (cap. 43)
- "O sanduíche estava tão saboroso quanto um pedaço de camisa velha. Os americanos comem qualquer coisa, desde que venha tostada, fixada com dois palitos e tenha alface, saindo pelas bordas, e murchas, de preferência". (cap.45)
-”Eu estava tão vazio e tão oco quanto o espaço entre as estrelas ( pag. 281 cap.38)
Construção dos Personagens: Os personagens do romance são muitos e bem construídos. Tem de tudo: ricos, policiais, advogados, mulheres bonitas, bêbados, sexo, médicos, vagabunda, e até mordomos esquisitos, como o Candy, tratado por Marlowe como mexicano (mas na verdade era chileno de Valparaiso), homem esguio, de boa aparência, exímio no manejo de facas, “que tinha o ar de um mexicano que ganha cinquenta por semana e não precisa trabalhar”(cap.23). “Vestia uma camisa esporte em xadrez preto e branco, calças plissadas sem cinto, sapatos preto e branco de couro, imaculadamente limpos. Seu cabelo negro e espesso estava penteado firmemente para trás, lustroso devido a algum tipo de óleo ou creme.”(cap. 26).
A descrição de pessoas é curiosa: parece um pintor que, com algumas pinceladas, retrata ao mesmo tempo aparência e personalidade, muitas vezes como caricaturas.
A descrição de pessoas é curiosa: parece um pintor que, com algumas pinceladas, retrata ao mesmo tempo aparência e personalidade, muitas vezes como caricaturas.
Philip Marlowe - é o narrador, mas isso não impede que ele também se descreva, usando a 3a pessoa: "Muito metódico esse sujeito, Marlowe. Nada pode interferir em sua técnica de fazer café. Nem uma pistola na mão de uma pessoa em desepero (cap. 5) Ou refletindo: " talvez algum dia eu aprenda a não me meter no que não é da minha conta." (cap. 5). E " Talvez eu seja um cara teimoso, ou mesmo sentimental, mas também sou homem prático."(cap.9). " São sempre pequenas as coisas que magoam a gente" (cap.11).
Nos prévios romances, Marlowe não aparece se envolvendo emocionalmente com ninguém, a não ser Ohls, mas assim mesmo é mais um colega do que um amigo. Em “O Longo Adeus” Marlowe se encanta com Terry e por ele se arrisca, embora não se perceba nenhuma razão que justifique tamanha admiração e lealdade. Nesse romance Marlowe também quase se envolve amorosamente com Linda Loring (numa obra futura ela apareceria como esposa).
Terry Lennox- ( ou Paul Marston) já aparece na primeira frase do livro, com a seguinte descrição; " seu rosto tinha aparência jovem, mas os cabelos eram brancos como ossos. Pelos olhos dava para ver que estava bêbado, mas fora isso ele parecia mais um rapaz bacana, vestindo dinner jacket.... O bêbado mais educado que já vi. " Terry lutou na 1a guerra Mundial e tinha cicatrizes no rosto . Tem sotaque britânico mas, como Chandler, ele apenas morou na Inglaterra por uns tempos, tempo suficiente para não apertar mão: " Não apertamos as mãos, diz Marlowe. Nunca fizemos isso. Ingleses não ficam apertando as mãos uns dos outros como fazem os americanos, e embora ele (Terry) não fosse inglês, tinha alguns dos maneirismos”. Terry é " um sujeito de quem é impossível não gostar", segundo o detetive.
Sylvia Lennox- vai sendo revelada aos poucos: " Sylvia é uma vagabunda"( Terry, pag.38) " Ela foi casada cinco vezes, sem contar comigo. Cada um deles voltaria com o menor aceno do dedinho dela. E não seria apenas por um milhão de dólares" (Terry,cap. 5).
Eileen Wade:" Ela era esguia, bastante alta, num vestido perfeito de linho branco, com um lenço branco de bolinhas pretas em volta do pescoço. Seu cabelo tinha o louro pálido das princesas de contos de fadas. Sobre ele havia um chapéu onde o cabelo se aconchegava como um pássaro em seu ninho. Os olhos eram de um tom azul aciano, uma cor muito rara, e tinham cílios longos e quase que claros demais."(cap. 13). " E quando ela falou sua voz era lúcida e vazia, como aquela voz mecânica ao telefone que lhe diz as horas e que, se você continuar escutando, o que ninguém faz porque não tem razão nenhuma para isso, continuará lhe informando cada segundo que se passa para todo o sempre, sem jamais mudar de entonação" (cap. 42)
Earl: Um dos personagens mais surpreendentes do romance, um maníaco-depressivo em fase de euforia ( pag. 137). Era excêntrico no vestir , estilo Roy Rogers ( pag. 155): Usava um daqueles chapéus gauchos pretos, achatados com as tiras trançadas afiveladas debaixo do queixo…camisa de seda branca de mangas bufantes… faixa bem larga e calça preta justa nos quadris, bordadas em dourado. “Era esguio como um chicote. Tinha olhos cor de fumaça, os maiores e mais vazios que já vi, sob longos cílios sedosos. Suas feições eram delicadas e perfeitas, mas sem sinal de fraqueza. O nariz era reto e quase estreito, mas não muito, a boca tinha lábios bonitos e salientes..." (cap.16)
Dr. Vukanich: " Era um homem de rosto estreito com uma palidez pouco interessante. Parecia um rato branco com tuberculose( um dos médicos das clínicas de janelas gradeadas, cap. 17)
Linda Lohring,irmã de Sylvia Lennox: " Tinha aquele olhar intenso e preciso que às vezes indica uma pessoa neurótica, às vezes alguém sequioso por sexo, e às vezes apenas o resultado de uma dieta muito radical." (cap. 22). Linda Loring vai aparecer na novela seguinte de Chandler -e numa outra, inacabada, chamada “Poodle Springs, aparece como sua esposa.
Eileen Wade:" Ela era esguia, bastante alta, num vestido perfeito de linho branco, com um lenço branco de bolinhas pretas em volta do pescoço. Seu cabelo tinha o louro pálido das princesas de contos de fadas. Sobre ele havia um chapéu onde o cabelo se aconchegava como um pássaro em seu ninho. Os olhos eram de um tom azul aciano, uma cor muito rara, e tinham cílios longos e quase que claros demais."(cap. 13). " E quando ela falou sua voz era lúcida e vazia, como aquela voz mecânica ao telefone que lhe diz as horas e que, se você continuar escutando, o que ninguém faz porque não tem razão nenhuma para isso, continuará lhe informando cada segundo que se passa para todo o sempre, sem jamais mudar de entonação" (cap. 42)
Earl: Um dos personagens mais surpreendentes do romance, um maníaco-depressivo em fase de euforia ( pag. 137). Era excêntrico no vestir , estilo Roy Rogers ( pag. 155): Usava um daqueles chapéus gauchos pretos, achatados com as tiras trançadas afiveladas debaixo do queixo…camisa de seda branca de mangas bufantes… faixa bem larga e calça preta justa nos quadris, bordadas em dourado. “Era esguio como um chicote. Tinha olhos cor de fumaça, os maiores e mais vazios que já vi, sob longos cílios sedosos. Suas feições eram delicadas e perfeitas, mas sem sinal de fraqueza. O nariz era reto e quase estreito, mas não muito, a boca tinha lábios bonitos e salientes..." (cap.16)
Dr. Vukanich: " Era um homem de rosto estreito com uma palidez pouco interessante. Parecia um rato branco com tuberculose( um dos médicos das clínicas de janelas gradeadas, cap. 17)
Linda Lohring,irmã de Sylvia Lennox: " Tinha aquele olhar intenso e preciso que às vezes indica uma pessoa neurótica, às vezes alguém sequioso por sexo, e às vezes apenas o resultado de uma dieta muito radical." (cap. 22). Linda Loring vai aparecer na novela seguinte de Chandler -e numa outra, inacabada, chamada “Poodle Springs, aparece como sua esposa.
Marlowe não tem simpatia pela classe policial, pelo modo como os descreve: está sempre provocando e criticando o trabalho deles.
Sargento Green: " Tinha o cabelo louro e grisalho, e um jeito viscoso" (cap. 6).
Detetive Dayton: " ...alto, de boa aparência, bem-vestido, e ostentava uma maldade meticulosa: um capanga bem-educado" (cap. 6)
Capitão Gregorius: " Um tipo de tira que vai se tornando raro, mas nem por isso está extinto. O tipo que resolve crimes usando a luz na cara, o cassetete macio, o chute nos rins, o joelho no saco, o soco no peito, a bastonada na base da espinha... Era careca como um tijolo e começava a ficar barrigudo como todos os homens musculosos ficam na meia-idade. Seus olhos eram cinza peixe. Seu nariz enorme era uma rede de vasos capilares estourados...tufos grisalhos despontavam de suas orelhas". (cap. 7).
-Ohls, Tenente da Homicídios: "era um sujeito troncudo de estatura média, com cabelo louro cortado à escovinha e olhos azuis desbotados. Tinha sobrancelhas duras e esbranquiçadas e na época em que ainda usava chapéu a gente sempre ficava surpreso quando ele o tirava, porque havia muito nais cabeça do que se esperava, (cap. 37)
A descrição de ambientes também é primorosa, como esta: " A cela número 3 do pavilhão de pequenos delitos tinha um beliche duplo como o de um trem de passageiros, mas a cadeia não estava muito cheia, e fiquei com a cela só pra mim. Naquele pavilhão você é bem tratado. Recebe 2 lençóis, nem sujos nem limpos,e um colchão cheio de nós, com três dedos de espessura, sobre uma treliça de metal. Há uma privada com descarga, uma pia, papel higiênico, e um sabonete arenoso e cinzento" (cap. 8).
Conclusão: o romance, afinal, lembra uma ciranda: Eileen Wade matou Sylvia Lennox, amante do marido dela, depois matou o marido, Wade, por achar que ele sabia que ela era a assassina.( pag. 335) e depois se suicida com pílulas, deixando uma carta- confissão. Terry, que fora o grande amor de Eileen e era marido de Sylvia, foge para o México por ser suspeito do assassinato da esposa, e lá parece ter cometido um suicídio ( com direito a confissão em carta) que talvez fosse assassinato, mas um Terry bastante vivo ressurge no último capítulo, com rosto modificado por plástica, para reencontrar Marlowe.
Detetive Dayton: " ...alto, de boa aparência, bem-vestido, e ostentava uma maldade meticulosa: um capanga bem-educado" (cap. 6)
Capitão Gregorius: " Um tipo de tira que vai se tornando raro, mas nem por isso está extinto. O tipo que resolve crimes usando a luz na cara, o cassetete macio, o chute nos rins, o joelho no saco, o soco no peito, a bastonada na base da espinha... Era careca como um tijolo e começava a ficar barrigudo como todos os homens musculosos ficam na meia-idade. Seus olhos eram cinza peixe. Seu nariz enorme era uma rede de vasos capilares estourados...tufos grisalhos despontavam de suas orelhas". (cap. 7).
-Ohls, Tenente da Homicídios: "era um sujeito troncudo de estatura média, com cabelo louro cortado à escovinha e olhos azuis desbotados. Tinha sobrancelhas duras e esbranquiçadas e na época em que ainda usava chapéu a gente sempre ficava surpreso quando ele o tirava, porque havia muito nais cabeça do que se esperava, (cap. 37)
A descrição de ambientes também é primorosa, como esta: " A cela número 3 do pavilhão de pequenos delitos tinha um beliche duplo como o de um trem de passageiros, mas a cadeia não estava muito cheia, e fiquei com a cela só pra mim. Naquele pavilhão você é bem tratado. Recebe 2 lençóis, nem sujos nem limpos,e um colchão cheio de nós, com três dedos de espessura, sobre uma treliça de metal. Há uma privada com descarga, uma pia, papel higiênico, e um sabonete arenoso e cinzento" (cap. 8).
Conclusão: o romance, afinal, lembra uma ciranda: Eileen Wade matou Sylvia Lennox, amante do marido dela, depois matou o marido, Wade, por achar que ele sabia que ela era a assassina.( pag. 335) e depois se suicida com pílulas, deixando uma carta- confissão. Terry, que fora o grande amor de Eileen e era marido de Sylvia, foge para o México por ser suspeito do assassinato da esposa, e lá parece ter cometido um suicídio ( com direito a confissão em carta) que talvez fosse assassinato, mas um Terry bastante vivo ressurge no último capítulo, com rosto modificado por plástica, para reencontrar Marlowe.
Fiquei com a impressão de que o romance não merecia esse final, que me pareceu histriônico. NeleTerry “ressuscita como Cisco Maioranos, um mexicano bem vestido, bigode e cabelos pretos, sobrancelhas cheias de afetação, óculos, enfim, uma figura ridícula.“
O relato se encerra com os mesmos personagens do primeiro capítulo: Marlowe e Terry/Cisco se despedindo, “o fim melancólico de uma grande amizade”. “Você (Terry/Cisco) é um doce de pessoa, em inúmeros sentidos. Não o estou julgando. Nunca fiz isso. O que há é que você não está mais aqui. Você já foi embora há muito tempo. Você está vestindo belas roupas e usando perfume e está tão elegante quanto uma puta de cinquenta dólares.”
O Longo Adeus é uma história policial com ritmo de romance lento, uma história intrincada, com coincidências e reviravoltas, e com muitos atores. O título sugere mesmo que Chandler pretendia dar adeus ao gênero policial, já que o livro seguinte, “Playback, é a “novelização de um roteiro que nunca foi filmado.”
Seu encanto está no estilo leve, despretensioso e bem-humorado com que Chandler descreve pessoas, ambientes e situações. Por isso, eu o recomendo sem grande entusiasmo.
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