quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Visita Cruel do Tempo

de Jennifer Egan

por Maria Albeti Vitoriano

O livro A Visita Cruel do Tempo narra várias estórias, ambientadas em São Francisco, Nápoles, em um safári na África, em um país não identificado e em Nova Iorque, num período de aproximadamente 28 anos (antes de 1980 até após a queda das torres gêmeas).
O núcleo central das estórias gira em torno de um grupo de jovens de São Francisco, Bennie Salazar, Scotty, Alice, Jocelyn e Rhea, que viviam envolvidos com música (rock) e drogas, e diversos outros que estão de alguma forma associados a eles, tais como Lou, Sasha, La Doll, Lulu, Stephanie e Jules.
As estórias, normalmente, estão contidas em um capítulo, mostram no conjunto do livro a diferença entre A (o passado)  e B (o presente). Os contos são permeados pela   nostalgia, lembranças do passado, dos amigos que estão distantes ou morrendo. Mostra, no presente, a vida confortável que Bennie conseguiu e de  outro lado,  o submundo em que vive Scotty, quase que num lixão e o leito de hospital de Lou, na sua  própria casa..
Destaca comportamentos moldados pela necessidade de fazer sucesso ou se sentir aceito, como é o caso de Bennie, que vive a angústia em relação à diferença da música que ele gosta e a que ele vende, bem como a convivência forçada com republicanos..
Como o próprio nome do livro insinua a autora parece ter o objetivo de mostrar a ação do tempo sobre as pessoas, suas angústias e o fim dos relacionamentos. Mostra a chegada da velhice e da doença, como é o caso de Lou, cujo filho acabou cometendo suicídio.
Interessante perceber que não existe praticamente nenhum relacionamento estável, talvez somente o de Bennie Salazar com a sua assistente Sasha, a cleptomaníaca que no final  parece ter sido substituída por Lulu.
Alguns têm sucesso, como Bennie, outros não, como é o caso de Scotty. Lou era um bon vivant, teve muitas mulheres e vários filhos, mas no final da vida estava só, acompanhando somente por um enfermeiro.
Na verdade, são várias estórias em paralelo, onde os personagens se cruzam diretamente ou por meio de parentes (irmãos, filhos, cunhados), mas poucas são finalizadas. Fica a dúvida, Sasha se curou da cleptomania, Lou viveu quanto tempo.
O livro é monótono, principalmente no safári da África, um dos momentos mais cansativos do livros, mas é interessante alguns artifícios usados pela autora, como, por exemplo, no Capítulo 3, onde se demora a descobrir  quem está contando a estória – que é Rhea – e no Capítulo 10, onde há uso da 2ª. pessoa, como um personagem que permanece oculto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário