de Edney Silvestre
Editora: Record
Resenha em 31 de julho
de 2012
Por Maria Virginia de
Vasconcellos
Uma narrativa que atrai desde o
primeiro capítulo, com diálogos rápidos, roteiro intenso, e que mereceu adjetivos
como “eletrizante e envolvente” com toda razão
pois, permanece na nossa mente de forma agarrada até a última página.
A partir do encontro de dois
adolescentes com o corpo da morta, assassinada, nunca mais essa imagem se
desmancha na sua memória. A vítima fica
encrustada juntamente com as múltiplas interrogações e perguntas que os dois
não foram capazes de responder. Nem mesmo com a ajuda do Senhor velho que os
poupou da parte mais perversa da história. E ambos os meninos carregaram esta
lembrança e as interrogações pela vida afora.
É um romance investigativo que
vai além da denúncia do criminoso. Edney Silvestre aproveita para denunciar,
como pano de fundo, os donos do poder
econômico, político e social, tratando não só da questão da barra de ouro e da barra da terra, mas especialmente da barra de saia. Sobretudo o poder exercido sobre as mulheres,
embora não deixe de mencionar o poder
sobre os mais fracos (lembrando a surra muito bem descrita que o menino Paulo
leva do pai), e o descaso aos mais velhos, esses incógnitos, cuja morte nem é
percebida.
No cenário, baseado na década de
sessenta no Brasil, prevalece a mentira
e a hipocrisia, e os olhos fechados para os bastidores que o velho senhor e os meninos pretendem desvendar. A cada capítulo a cortina se abre para mais um
espetáculo de violência.
O final contundente é lógico, a
meu ver, pois não apresenta um happy end
e é coerente com o título do livro.
A mensagem que fica é “Nada
neste país é o que parece”.
Conclusão: Recomendaria
o livro – com todas as letras.
Para mim, um dos melhores que
lemos no Grupo de Leitura.
Em 2010 recebeu os prêmios S.Paulo de Literatura
(categoria estreante) e o Prêmio Jubuti – melhor romance.
Polêmica sobre o Prêmio Jabuti:Se Eu Fechar os
Olhos Agora, editado pela
Record, recebeu o Prêmio Jabuti de melhor romance em 2010, sendo que Leite Derramado, de Chico
Buarque, editado pela Companhia das Letras, foi o segundo colocado na categoria.
Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao mesmo prêmio como Livro
do Ano e nessa escolha Leite Derramado foi o vencedor. Na primeira
fase, a escolha era feita por especialistas, enquanto na segunda havia uma
quantidade maior de votantes e muitos empresários do setor. A premiação de Leite
Derramado gerou, assim, muitos protestos, inclusive uma petição on line
intitulada "Chico, devolve o Jabuti!". A editora Record anunciou que
deixaria de participar da premiação, alegando que na escolha de Livro do Ano
personagens midiáticas tendem a ser favorecidas e possivelmente muitos votantes
nem tenham lido os livros, além do que o regulamento seria desrespeitoso com os
autores e com o júri especializado.[4]
Após a polêmica, a Câmara Brasileira do Livro anunciou
mudanças na edição do prêmio para 2011, passando a concorrer ao prêmio de Livro
do Ano apenas os vencedores de cada categoria.[5]
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