terça-feira, 14 de agosto de 2012

SE EU FECHAR OS OLHOS AGORA


de Edney Silvestre
Editora: Record 
Resenha em 31 de julho de 2012
Por Maria Virginia de Vasconcellos

Uma narrativa que atrai desde o primeiro capítulo, com diálogos rápidos, roteiro intenso, e que mereceu adjetivos como “eletrizante e envolvente” com toda razão  pois, permanece na nossa mente de forma agarrada até a última página.

A partir do encontro de dois adolescentes com o corpo da morta, assassinada, nunca mais essa imagem se desmancha na sua memória.  A vítima fica encrustada juntamente com as múltiplas interrogações e perguntas que os dois não foram capazes de responder. Nem mesmo com a ajuda do Senhor velho que os poupou da parte mais perversa da história. E ambos os meninos carregaram esta lembrança e as interrogações pela vida afora.

É um romance investigativo que vai além da denúncia do criminoso. Edney Silvestre aproveita para denunciar, como pano de fundo,  os donos do poder econômico, político e social, tratando não só da questão da barra de ouro e da barra da terra, mas especialmente da barra de saia. Sobretudo o poder exercido sobre as mulheres, embora  não deixe de mencionar o poder sobre os mais fracos (lembrando a surra muito bem descrita que o menino Paulo leva do pai), e o descaso aos mais velhos, esses incógnitos, cuja morte nem é percebida.

No cenário, baseado na década de sessenta no Brasil,  prevalece a mentira e a hipocrisia, e os olhos fechados para os bastidores que o velho senhor  e os meninos pretendem desvendar.  A cada capítulo a cortina se abre para mais um espetáculo de violência.

O final contundente é lógico, a meu ver, pois não apresenta um happy end e é coerente com o título do livro.
A mensagem que fica é “Nada neste país é o que parece”.

Conclusão: Recomendaria o livro –  com todas as letras.
Para mim, um dos melhores que lemos no Grupo de Leitura.
Em 2010 recebeu os prêmios S.Paulo de Literatura (categoria estreante) e o Prêmio Jubuti – melhor romance.
Polêmica sobre o Prêmio Jabuti:Se Eu Fechar os Olhos Agora, editado pela Record, recebeu o Prêmio Jabuti de melhor romance em 2010, sendo que Leite Derramado, de Chico Buarque, editado pela Companhia das Letras, foi o segundo colocado na categoria. Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao mesmo prêmio como Livro do Ano e nessa escolha Leite Derramado foi o vencedor. Na primeira fase, a escolha era feita por especialistas, enquanto na segunda havia uma quantidade maior de votantes e muitos empresários do setor. A premiação de Leite Derramado gerou, assim, muitos protestos, inclusive uma petição on line intitulada "Chico, devolve o Jabuti!". A editora Record anunciou que deixaria de participar da premiação, alegando que na escolha de Livro do Ano personagens midiáticas tendem a ser favorecidas e possivelmente muitos votantes nem tenham lido os livros, além do que o regulamento seria desrespeitoso com os autores e com o júri especializado.[4]
Após a polêmica, a Câmara Brasileira do Livro anunciou mudanças na edição do prêmio para 2011, passando a concorrer ao prêmio de Livro do Ano apenas os vencedores de cada categoria.[5]


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