quinta-feira, 12 de julho de 2012

MONSIEUR PAIN


de Roberto Bolaño
Editora: Companhia das Letras

em 25 de junho de 2012
Por Maria Virginia de Vasconcellos

O que dizer do Monsieur Pein? Um tipo maçante, a meu ver. Embora bem caracterizado.
Mas, todo o livro me pareceu enfadonho tanto no estilo como no conteúdo.
( Perdoem os que gostarem; mas verdade é que algo fascinante para alguém pode ser o máximo de tédio para outro leitor).

O personagem me fez lembrar a canção de Geraldo Azevedo chamada “Na primeira manhã que te perdi”: o Monsieur Pein se assemelha a um “conde falando aos passarinhos, a um bumba meu boi sem capitão, desatinado – cruzando ruas, estradas e caminhos, como um carro correndo em contramão, como um boi perdido na multidão.
Como um caco gemendo no porão. Lamento noturno dos viúvos. Solidão.”

Apresenta uma solidão sem fim, um comportamento obsessivo e sem rumo.

A música nordestina é linda e me comoveu desde a primeira vez que ouvi.
Diferentemente, não me identifiquei com o personagem destaque do livro.

Além disso, os detalhes me foram cansativos, os relatos longos e inócuos – melhor dizendo, sem sabor e sem cor.

A narrativa, dita policialesca, foi se arrastando sem surpresas e,  a meu ver, chegou a lugar nenhum.
Qual a mensagem do livro? Divulgação do mesmerismo? Não parece.  Pergunta central? Fico pobre de respostas, sem asas na imaginação e sem interpretações que me enriqueçam.
Para mim, a estória foi tão aborrecida que nem percebi qualidades.
De fato, já nem me lembro do que li e o que li nem me suscitou comentários entusiáticos ou conversas com amigos.

Conclusão: não recomendaria o livro – Não recomendaria - com todas as letras. Sem concessão.
NÃO RECOMENDADO. PONTO FINAL.


Um comentário:

  1. Monsieur Pain- Bolaño

    Li numa resenha que esse não deveria ser o primeiro livro de Bolaño a ser lido. Concordo.
    Bolano nos leva a um labirinto fantastico, beirando fantasia e alucinações, que, por incrível que pareça, nos prende, a despeito da falta de lógica entre os fatos e personagens do romance.

    O livro sugere que o fascismo Espanhol de Franco estaria interessado em assassinar Vallejo, poeta e personagem real.
    Cesar Vallejo, neto de mulheres indígenas, pobre, poeta de vanguarda e comunista perseguido no Peru e exilado na França, morreu (no livro e de fato) de doença não esclarecida, e sua esposa teria buscado médicos alternativos para curá-lo. Num poema chamado”Black Stone on a White Stone”, ele previu que morreria em Paris, talvez numa quinta-feira, pobre, em meio a uma chuva torrencial, profecia que se realiza, dois anos depois.
    Essa mistura de personagens reais com fictícios se reproduz no livro no trecho que se passa numa sala de cinema. O filme de ficção projetado tem nele enxertado um documentário (que seria real) sobre pesquisa científica. Além disso, ele entremeia diálogos do filme com o dos personagens do romance que assistem o filme o que, por vezes, confunde.
    Mal comparando, me lembrou vagamente o filme genial do Woody Allan, a Rosa Purpura do Cairo, onde um personagem sai da tela de cinema para o mundo real.

    Tudo parece envolto em mistério- o hospital, os bares, as ruas, as pessoas. Grande parte do livro se assemelha a um pesadelo- o hospital em seus labirintos, as figuras misteriosas da Espanha, os bares, as ruas.

    O personagem principal, Monsieur Pain, com seu pulmão frágil como consequência de combate na I Grande Guerra, parece tão doente quanto Vallejo. Ele ganha a vida com o mesmerismo e agindo na resistência. É um personagem único e muito bem caracterizado.
    Os demais são quase sempre envoltos em brumas de mistério.

    O romance entre Mme Raynaud e Mr Pain não se concretiza e termina abruptamente, e os mistérios permanecem sem solução ao fim do livro, o que me causou grande frustração. Mas o obituário que Boleño chamou de Epilogo de Vozes, acaba nos dando o desfecho e me satisfazendo a curiosidade.A descrição de cada personagem no capitulo , sempre entre aspas, parece ser feita por pessoas diferentes, que os conheceram ao longo da vida.

    A mensagem do livro: não cheguei a uma conclusão.
    Não pode ser considerado um manifesto político, embora trate de fascismo e de resistência, mas marginalmente.
    Também trata do mesmerismo mas a narrativa não se aprofunda na prática desse tratamento.
    Também não é policial clássico, porque os crimes não se concretizam e as suspeitas não se esclarecem.
    Talvez o objetivo tenha sido retratar o fragmento de um momento histórico vivido pela França e Espanha.
    Acho uma história de leitura difícil, que poucos curtirão.
    Reconheço a magistralidade do autor em misturar realidade e ficção dentro da história.
    Ana Studart

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