por Beth Eloy
A narrativa, mesmo precisa, talvez aí resida uma grande capacidade do autor, se perdeu num labirinto ocultista e investigativo, onde personagens vão sendo introduzidos na trama sem que fique claro o que é sonho, conspiração, perseguição ou psicose.
1 - O personagem
O narrador e personagem principal, Pierre Pain, é um pacato e inofensivo francês, temeroso, fraco, enfrentando forças obscuras e potências que ficam muito além do seu entendimento.
Salta entre pensamentos filosóficos, terrores noturnos, sonhos, premonições sempre acompanhado de personagens que aparecem e somem da trama e de outros que aparecem fruto da fantasia e solidão do personagem que o apoiam no difuso mistério que envolve médicos, hospital, mundo esotéico, guerra e conspirações políticas.
Tudo no romance é ambíguo e suspeito: o filme, o galpão escuro, uma casa de shows, sonhos, premonições, o suicídio de Terzeff, o suborno, os espanhóis subordinadores, Vallejo, Plemeur-Bodou, figuras históricas e de existência comprovada como Pierre Curie e Irene Curie. Todas essa figuras se cruzam num itinerário criativo do autor na sua narrativa.
Nessa busca por pistas que clareassem a minha procura para tantos entendimentos e conjunções do mundo real com o imaginário eu já era uma leitora sacrificada indo para pesquisas no google para tentar respostas que dessem consistência ao meu entendimento.
Apesar da estrutura pesada do livro, dos personagens, da trama entremeada de suspense, investigação, perseguição e sonho achei a redação clara.
Não recomendaria Monsieur Pain como livro de porta de entrada de Roberto Bolãno. Talvez conhecendo mais da sua obra possa entende o sentido da literatura fantástica que me foi apresentado nesse livro.
Livro: Monsieur Pein
ResponderExcluirde Roberto Bolaño
Editora: Companhia das Letras
O que dizer do Monsieur Pein? Um tipo maçante, a meu ver. Embora bem caracterizado.
Mas, todo o livro me pareceu enfadonho tanto no estilo como no conteúdo.
(Perdoem os que gostarem; mas verdade é que algo fascinante para alguém pode ser o máximo de tédio para outro leitor).
O personagem me fez lembrar a canção de Geraldo Azevedo chamada “Na primeira manhã que te perdi”: o Monsieur Pein se assemelha a um “conde falando aos passarinhos, a um bumba meu boi sem capitão, desatinado – cruzando ruas, estradas e caminhos, como um carro correndo em contramão, como um boi perdido na multidão.
Como um caco gemendo no porão. Lamento noturno dos viúvos. Solidão.”
Apresenta uma solidão sem fim, um comportamento obsessivo e sem rumo.
A música nordestina é linda e me comoveu desde a primeira vez que ouvi.
Diferentemente, não me identifiquei com o personagem destaque do livro.
Além disso, os detalhes me foram cansativos, os relatos longos e inócuos – melhor dizendo, sem sabor e sem cor.
A narrativa, dita policialesca, foi se arrastando sem surpresas e, a meu ver, chegou a lugar nenhum.
Qual a mensagem do livro? Divulgação do mesmerismo? Não parece. Pergunta central? Fico pobre de respostas, sem asas na imaginação e sem interpretações que me enriqueçam.
Para mim, a estória foi tão aborrecida que nem percebi qualidades.
De fato, já nem me lembro do que li e o que li nem me suscitou comentários entusiáticos ou conversas com amigos.
Conclusão: não recomendaria o livro – Não recomendaria - com todas as letras. Sem concessão.
NÃO RECOMENDADO. PONTO FINAL.
Por Virginia De Vasconcellos em 25 de junho de 2012