de Olivia Goldsmith
Editora: Record, 1996
(Tradução Alves Calado)
por Virginia de Vasconcellos em junho de 2012
Trata-se de
cinco histórias de autores de livros que num mesmo outono disputam presença na
lista dos mais vendidos. Cada história
tem seu personagem principal e uma contrapartida no jogo de cena:
i)
Camilla Clapfish (Livro: Uma semana em Florença) +
Frederick
ii)
Judith (Livro: Em
plena consciência) + Daniel que roubou a Judith- tornando-se Jude Daniel.
iii)
Susan Baker Edmonds (…) + Edith + Alf
iv)
Terry o`Neal (Livro: A duplicidade dos homens) + Opal
+ Roberta (dona da livraria)
v)
Geraldo Och Davis (GOD) (…) + seu pai.
Pode-se acrescentar
uma sexta história, a da editora Pam Mantiss, que para ganhar dinheiro planeja
um livro ghost do autor morto + sua
contrapartida, o escritor Stewart, o ghost
do ghost, autor contratado, que fica revoltado após a publicação de ‘seu’
livro com nome de outro.
O universo
editorial é descortinado sem pudor e apresenta-se tanto o lado bom e honesto
como o feio e ruim.
Outros personagens (Craig, Emma e Alex - editores
e agenciadores) são todos fortes e bem caracterizados, mas divididos de forma
bem maniqueísta entre aqueles do bem (os inocentes, inseguros) e os do mal
(personalidades sórdidas), sem meio termo. O eterno dilema dual entre o bem e o
mal continua sendo atrativo.
Os cenários
são bem descritos, com detalhes extremosos sobre os quartos de hotéis,
paisagens, varandas, móveis, roupas e ambiente em geral.
A trama e o senso de humor prendem o leitor durante
um longo tempo até o momento em que a autora parece se cansar de seus
personagens e finaliza de forma abrupta a narrativa: literalmente `sumindo` com
a Pam, matando GOD e juntando num mesmo grupo os bonzinhos. Neste ponto, os
“merecedores” de felicidade se entrelaçam em casos amorosos. Não aqueles merecedores da presença nas
listas de mais vendidos – listas estas sujeitas a todo tipo de manipulação - mas
aqueles que são destituídos de maldade.
Ao final, uma decepção: happy end absoluto porque
todos os personagens malignos são castigados impiedosamente, enquanto aqueles confiáveis
e bonzinhos são beneficiados com sucesso e alegria.
Na página 400
deste livro há uma citação interessante: “Há
uma diferença enorme entre ser um critico ou um resenhista. O resenhista reage
à experiência do livro” (Cristopher Lehman-Haupt). Pois nesse sentido, estes
meus comentários são próprios de um Resenhista e jamais de um crítico. Minhas
reações como comentarista foram de simpatia pelo livro que a meu ver é muito recomendado
Vale acrescentar um comentário sobre o filme
israelense “AVIVA, meu amor”, vitorioso de vários prêmios na
Polônia e em outros países. Com a mesma força, esse filme apresenta o tema
relacionado à história de Jude & Daniel e Pam & Stewart, da nossa
autora Goldsmith: AVIVA, o personagem
destaque do filme, é também autora, de contos que são hipocritamente roubados
por um antigo e notório escritor-Professor que se encontra sem inspiração para
novos livros. Ela vende os contos por necessidade desesperadora de dinheiro e
quando são publicados com nome do Professor, toda a sua família descobre e faz
com que ela desperte seu sonho e tenha arrependimento pelo seu ato. Ela sabe
que já é tarde, pois assinou contrato cedendo ao Professor seus escritos, mas
vai pedir o resto ainda não publicado mesmo considerando que estes nunca deverão ser
reconhecidos por editoras.
A presença
desta temática, tanto na literatura como no cinema, nos leva a acreditar numa
realidade hipócrita no mundo editorial. Esse cenário de escritores iniciantes
mostra um calvário com caminhos espinhosos; e a obtenção de publicação pode ocorrer
muito mais pelo valor comercial, pela sorte e/ou por meio de relacionamento
- do que por um verdadeiro talento. (assim
como acontece algumas vezes em outras áreas profissionais) .
RESENHA-BESTSELLER.22maio2012.doc
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