terça-feira, 12 de junho de 2012

O BEST SELLER



de Olivia Goldsmith
Editora: Record, 1996 
(Tradução Alves Calado)
 por Virginia de Vasconcellos em junho de 2012
Trata-se de cinco histórias de autores de livros que num mesmo outono disputam presença na lista dos mais vendidos.  Cada história tem seu personagem principal e uma contrapartida no jogo de cena:
i)                     Camilla Clapfish (Livro: Uma semana em Florença) + Frederick
ii)                   Judith  (Livro: Em plena consciência) + Daniel que roubou a Judith- tornando-se Jude Daniel.
iii)                  Susan Baker Edmonds (…) + Edith + Alf
iv)                  Terry o`Neal (Livro: A duplicidade dos homens) + Opal + Roberta (dona da livraria)
v)                   Geraldo Och Davis (GOD) (…) + seu pai.
Pode-se acrescentar uma sexta história, a da editora Pam Mantiss, que para ganhar dinheiro planeja um livro ghost do autor morto + sua contrapartida, o escritor Stewart, o ghost do ghost,  autor contratado,  que fica revoltado após a publicação de ‘seu’ livro com nome de outro.
O universo editorial é descortinado sem pudor e apresenta-se tanto o lado bom e honesto como o feio e ruim.
Outros personagens (Craig, Emma e Alex - editores e agenciadores) são todos fortes e bem caracterizados, mas divididos de forma bem maniqueísta entre aqueles do bem (os inocentes, inseguros) e os do mal (personalidades sórdidas), sem meio termo. O eterno dilema dual entre o bem e o mal continua sendo atrativo.
Os cenários são bem descritos, com detalhes extremosos sobre os quartos de hotéis, paisagens, varandas, móveis, roupas e ambiente em geral.
A trama e o senso de humor prendem o leitor durante um longo tempo até o momento em que a autora parece se cansar de seus personagens e finaliza de forma abrupta a narrativa: literalmente `sumindo` com a Pam, matando GOD e juntando num mesmo grupo os bonzinhos. Neste ponto, os “merecedores” de felicidade se entrelaçam em casos amorosos.   Não aqueles merecedores da presença nas listas de mais vendidos – listas estas sujeitas a todo tipo de manipulação - mas aqueles que são destituídos de maldade.
Ao final, uma decepção: happy end absoluto porque todos os personagens malignos são castigados impiedosamente, enquanto aqueles confiáveis e bonzinhos são beneficiados com sucesso e alegria.
Na página 400 deste livro há uma citação interessante: “Há uma diferença enorme entre ser um critico ou um resenhista. O resenhista reage à experiência do livro” (Cristopher Lehman-Haupt). Pois nesse sentido, estes meus comentários são próprios de um Resenhista e jamais de um crítico. Minhas reações como comentarista foram de simpatia pelo livro que a meu ver é muito recomendado
Vale acrescentar um comentário sobre o filme israelense “AVIVA, meu amor”, vitorioso de vários prêmios na Polônia e em outros países. Com a mesma força, esse filme apresenta o tema relacionado à história de Jude & Daniel e Pam & Stewart, da nossa autora Goldsmith:  AVIVA, o personagem destaque do filme, é também autora, de contos que são hipocritamente roubados por um antigo e notório escritor-Professor que se encontra sem inspiração para novos livros. Ela vende os contos por necessidade desesperadora de dinheiro e quando são publicados com nome do Professor, toda a sua família descobre e faz com que ela desperte seu sonho e tenha arrependimento pelo seu ato. Ela sabe que já é tarde, pois assinou contrato cedendo ao Professor seus escritos, mas vai pedir o resto ainda não publicado  mesmo considerando que estes nunca deverão ser reconhecidos por editoras.
A presença desta temática, tanto na literatura como no cinema, nos leva a acreditar numa realidade hipócrita no mundo editorial. Esse cenário de escritores iniciantes mostra um calvário com caminhos espinhosos; e a obtenção de publicação pode ocorrer muito mais pelo valor comercial, pela sorte e/ou por meio de relacionamento -  do que por um verdadeiro talento. (assim como acontece algumas vezes em outras áreas profissionais) .
     RESENHA-BESTSELLER.22maio2012.doc




Nenhum comentário:

Postar um comentário