terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O ROUXINOL

de Kristin Hannah



Leiothrix lutea, vulgarmente conhecida por Rouxinol do Japão, é uma ave de cerca de 15cm, identificada em 1786.


por Mônica Ferreira Dias


Kristin Hannah, americana, ex-advogada que largou advocacia para se dedicar à escrita. Autora de mais de 20 livros, dentre eles O Rouxinol, adaptado para o cinema com as irmãs Dakota e Ellen Fanning estrelando as personagens principais.
Indicações do livro:
- melhor livro do ano de 2015
- melhor novela histórica de 2015
- ganhadora da ficção favorita pela escolha popular
- melhor livro do ano pela Amazon, Buzzfeed, iTunes, Library Journal, Paste, The week e Wall Street Journal

França de 1939, início da 2ª. guerra, na aldeia de Carriveau, cenário para história de duas irmãs, Vianne e Isabelle Rossignol, de temperamentos e atitudes divergentes e que procuram sobreviver aos horrores da guerra. Contado pela irmã mais velha, Vianne, francesa que migra para Estados Unidos para refazer a vida pós-guerra com marido Antoine e a filha Sophie,
Após a morte da mãe, o pai deixa as duas filhas para serem criadas por uma mulher na aldeia de Carriveau. Vianne, retraída e sentindo-se abandonada consegue recuperar o vazio da família quando engravida de Sophie e resolve seguir a vida com Antoine. A irmã Isabelle, rebelde desde sempre, passa por vários internatos e acaba indo morar com o pai em Paris, mas quando a guerra começa o pai a manda para o interior morar com a irmã. Após Antoine seguir para o front, convocado, as três precisam conviver com um oficial alemão que se aquartela na casa de Vianne durante a ocupação alemã. Enquanto Vianne busca a todo custo manter a harmonia da casa, Isabelle acaba se juntando à resistência tornando-se peça fundamental na rota de fuga de pilotos aliados abatidos. Este personagem teve inspiração em uma berlinense que ajudou grupos de imigrantes e perseguidos por uma rota a pé pelos Pirineus.[1]
Vianne não fica atrás quando a partir do momento que esconde Ariel, filho de sua amiga judia, Rachel, acaba também se envolvendo com a criação de uma rota de fuga de crianças judias enquanto possui um alto funcionário alemão convivendo dentro de sua própria casa. Isabelle é presa pela Gestapo, depois vai para campo de concentração e consegue voltar para Carriveau para morrer de câncer em casa. O mesmo fim tem a filha de Vianne, Sophie que morre de câncer, Antoine retorna fugido de um campo de prisioneiros e, Ariel, filho de Rachel mas criado como irmão de Sophie, ao final da guerra é encaminhado para família americana pelos rabinos que passam resgatando crianças judias, órfãs de guerra.
O romance, narrado em terceira pessoa por uma das irmãs que só ao final se revela, relata uma guerra sob a perspectiva feminina: estratégias de sobrevivência pessoal, dos filhos e dos amigos próximos, filas pela busca de alimentos racionados, a aparente normalidade da rotina da escola das crianças, o medo permanente dos soldados pelo vilarejo e de seus modos violentos e autoritários e, por fim a excruciante rotina de violência física do novo aquartelado alemão Von Richter.
Alguns capítulos são narrados em primeira pessoa no momento presente (1995), por Vianne que ao aceitar convite do evento de comemoração dos 50 anos de término da guerra com homenagem especial pela atuação clandestina do “Rouxinol”, codinome de sua irmã Isabelle para libertação de pilotos abatidos, revela em seu discurso um passado inexistente para Julien, seu filho fruto da relação com o alemão.
O romance procura destacar um lado esquecido da história em que as batalhas diárias travadas pelos que ficaram na terra ocupada e que não foram menos horrendas das vividas por aqueles que estiveram no front.
Romance de leitura fluida, sem grandes construções linguísticas e descritivo de cenários – como o Emblema vermelho da coragem de Stephen Crane, mas que proporciona horas de leitura agradável.
Algumas lágrimas podem teimar em deixar os olhos.
Demais livros podem ser pesquisados no site da autora - https://kristinhannah.com/
Recomendo.


[1] Trata-se de Lisa Fittko que guiou sucessivos grupos de judeus, políticos e intelectuais alemães entre 1040/41 através dessa rota, que mais tarde ganharia seu nome – “Rota F”, sendo um deles, o filósofo alemão Walter Benjamin. Seu diário originou o livro “Minha Rota Através dos Pirineus. Memórias 1940/41”, a ser lançado no Brasil pela Editora Relume Dumará.

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