de Philip Roth
por Ana Luiza Machado
Philip
Roth é um celebrado escritor norte americano de ascendência judia, nascido em
19 de março de 1933, em Nova Jérsei. Conquistou diversos prêmios literários em
sua carreira, dentre eles o Pulitizer Prize por Pastoral Americana”(1997 ) , teve sua obra Complô contra a América eleita como “o melhor romance histórico
americano publicado em 2003-2004”. Figura como um dos três escritores vivos a
terem obras publicas na Library Of America.
A
marca humana, publicado em 2000, é um das obras que compõe A Trilogia da América, da
qual fazem parte Pastoral Americana e
Casei com um comunista. A estrutura narrativa das obras é comum, em
especial, pela existência de um narrador personagem, que embora ocupe um papel
secundário na trama dos livros que compõe a trilogia, é de fundamental
importância. Oportuno destacar que Nathan Zuckerman, o narrador – personagem, é
um alter ego do autor.
Partindo
do personagem principal, Coleman Silk , (sumariamente revelado como morto),
percorremos as páginas reconstruindo –o , por meio dos acontecimentos e
impressões dos personagens secundários e ainda pela imaginação do escritor
personagem Natan Zuckerman. No que tange aos personagens secundários, é de se
destacar que a denominação e meramente formal, uma vez que na estrutura da obra muitos
deles tem vigor suficiente para o protagonismo, tais quais a professora
francesa Delfine Houx; e Faunia Lester,
amante do professor Coleman.
Na trama, Coleman
Silk e um professor universitário que se ve envolvido em um escândalo de
racismo na Universidade na qual leciona. Acusado de ter ofendido alunos ausentes
em sua classe, ele e absorvido por uma onda de acusações. Em meio a tais
acontecimentos, ele se depara com inúmeras perdas, as quais o conduzem a uma
indignação entorpecente e este sentimento, que o impede de escrever por si
mesmo os eventos , o leva ao encontro de Natan Zuckerman
para que o escritor escreva sobre a historia, relacionando tais eventos a
perda de um ente querido. Esta é a espinha dorsal da obra, a qual serve de estrutura para a abordagem dos mais diversos temas, como as consequências da guerra no individuo , a
vaidade nos meios acadêmicos, o feminismo, o sexo na velhice, a decrepitude,
entre outros.
O
elemento do narrador personagem é um traço fundamental da obra , proporcionando ao
leitor uma identificação imediata, uma vez que há um jogo contínuo entre
“proximidade” e “distância” dos conflitos vivenciados pelos personagens. Tal
qual Natan, nós leitores, observamos as agruras e os prazeres dos personagens
de maneira às vezes próxima, às vezes distante. O que não impede que o autor
nos brinde com ótimas mudanças de ponto vista, trafegando pela mente conturbada
dos personagens, revelando seus pensamentos, mudando totalmente o ritmo da
narrativa, revelando a personalidade dos personagens por meio de seus
pensamentos.
Os
sustentáculos de “A Marca Humana” são : o moralismo na era Clinton em
decorrência do envolvimento sexual do então presidente norte americano e sua
estagiária; o racismo histórico norte americano; o conflito pungente entre a individualidade
humana e a identidade compartilhada de grupos de raça.
Considerei
o livro excelente. O elemento que o faz memorável para mim é a dimensão
universal dos sentimentos humanos nele transcritos, marca indelével de nossa humanidade.
Recomendo com louvor !! Excelente porta de entrada para o universo de Philip
Roth.
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