terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A MARCA HUMANA (The Human Stain)

de Philip  Roth

por Ana Luiza Machado

Philip Roth é um celebrado escritor norte americano de ascendência judia, nascido em 19 de março de 1933, em Nova Jérsei. Conquistou diversos prêmios literários em sua carreira, dentre eles o Pulitizer Prize por Pastoral Americana”(1997 ) , teve sua obra Complô contra a América eleita como “o melhor romance histórico americano publicado em 2003-2004”. Figura como um dos três escritores vivos a terem obras publicas na Library Of America.

A marca humana, publicado em 2000, é um das obras que compõe A Trilogia da América,  da qual fazem parte Pastoral Americana e Casei com um comunista. A  estrutura narrativa das obras é comum, em especial, pela existência de um narrador personagem, que embora ocupe um papel secundário na trama dos livros que compõe a trilogia, é de fundamental importância. Oportuno destacar que Nathan Zuckerman, o narrador – personagem, é um alter ego do autor.

Partindo do personagem principal, Coleman Silk , (sumariamente revelado como morto), percorremos as páginas reconstruindo –o , por meio dos acontecimentos e impressões dos personagens secundários e ainda pela imaginação do escritor personagem Natan Zuckerman. No que tange aos personagens secundários, é de se destacar que a denominação e meramente formal, uma vez que na estrutura da obra muitos deles tem vigor suficiente para o protagonismo, tais quais a professora francesa Delfine Houx; e  Faunia Lester, amante do professor Coleman.

 Na trama, Coleman Silk e um professor universitário que se ve envolvido em um escândalo de racismo na Universidade na qual leciona. Acusado de ter ofendido alunos ausentes em sua classe, ele e absorvido por uma onda de acusações. Em meio a tais acontecimentos, ele se depara com inúmeras perdas, as quais o conduzem a uma indignação entorpecente e este sentimento, que o impede de escrever por si mesmo os eventos , o leva ao encontro de Natan Zuckerman para que o escritor escreva  sobre a historia, relacionando tais eventos a perda de um ente querido. Esta é a espinha dorsal da obra,  a qual serve de estrutura para a abordagem dos mais diversos temas, como as consequências da guerra no individuo , a vaidade nos meios acadêmicos, o feminismo, o sexo na velhice, a decrepitude, entre outros.


O elemento do narrador personagem é um traço fundamental da obra , proporcionando ao leitor uma identificação imediata, uma vez que há um jogo contínuo entre “proximidade” e “distância” dos conflitos vivenciados pelos personagens. Tal qual Natan, nós leitores, observamos as agruras e os prazeres dos personagens de maneira às vezes próxima, às vezes distante. O que não impede que o autor nos brinde com ótimas mudanças de ponto vista, trafegando pela mente conturbada dos personagens, revelando seus pensamentos, mudando totalmente o ritmo da narrativa, revelando a personalidade dos personagens por meio de seus pensamentos.

Os sustentáculos de “A Marca Humana” são : o moralismo na era Clinton em decorrência do envolvimento sexual do então presidente norte americano e sua estagiária; o racismo histórico norte americano; o conflito pungente entre a individualidade humana e a identidade compartilhada de grupos de raça.


Considerei o livro excelente. O elemento que o faz memorável para mim é a dimensão universal dos sentimentos humanos nele transcritos,  marca indelével de nossa humanidade. Recomendo com louvor !! Excelente porta de entrada para o universo de Philip Roth.

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